Nem bem o IBGE encerrou as comemorações de seus 80 anos de existência e os ibgeanos são surpreendidos com a notícia de que o governo interino de Michel Temer pretende nomear o senhor Paulo Rabello de Castro para presidir o Instituto. A notícia foi publicada no dia em que Wasmalia Bivar entregava medalhas na cerimônia de aniversário do órgão, no teatro João Caetano, no Rio de Janeiro.
Se as coisas já estavam complicadas, com corte de verbas, número excessivo de servidores temporários, suspensão de pesquisas e até do Censo Agropecuário, agora o presidente interino pretende indicar um representante direto da Escola de Chicago (onde Paulo Rabello estudou), um homem do mundo empresarial para dirigir o IBGE.
Castro é coordenador do Movimento Brasil Eficiente (MBE), que reúne empresários e gente do “mercado”, preocupada com a “eficiência das despesas públicas” e propõe a criação de normas para o funcionamento do Conselho de Gestão Fiscal, previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Paulo Rabello também preside o Instituto Atlântico e é fundador da primeira empresa brasileira de classificação de riscos de crédito, a SR Rating, além da RC Consultores, empresa de previsão econômica e análises de mercado.
O Instituto Atlântico faz parte da Câmara de Instituições do Instituto Millenium, organização de direita, que reúne grandes empresários brasileiros de diversos ramos, pregando o receituário da ortodoxia neoliberal como saída para os problemas estruturais do país.
Em outra frente, Paulo Rabello de Castro é membro da Lide, associação empresarial de diversos países que “reúne lideranças que acreditam no fortalecimento da livre iniciativa no Brasil e no mundo”.
Castro apresentou no documento “Agenda 2016”, entregue recentemente a Temer, a proposta de uma “Nova Previdência” em que o contribuinte poderá escolher o destino da contribuição ao INSS para composição de um fundo, do qual ele será cotista, e que funcionará no formato de uma previdência privada.
Só pelo currículo se pode perceber o perfil do escolhido por Temer para dirigir o IBGE. O que um empresário, aguerrido defensor do “mercado” e da “eficiência das despesas públicas” pode propor e fazer a frente do IBGE?
O IBGE completa 80 anos em meio a grandes dificuldades para sair da sua crise institucional. Orçamento insuficiente, esvaziamento do quadro efetivo, massificação do trabalho precarizado, déficit democrático na gestão, necessidade de valorização do órgão mediante a implantação do novo plano de carreiras. Para um IBGE forte e do tamanho do Brasil é preciso um projeto que ataque estas condições críticas.
Reafirmamos o IBGE como uma instituição comprometida com a maioria da sociedade, voltada para retratar o Brasil e, com suas pesquisas e trabalhos, oferecer soluções para os grandes problemas nacionais. Consideramos um retrocesso a indicação de uma pessoa de fora dos quadros da instituição para ocupar sua Presidência.
Nossa luta é por ELEIÇÕES DIRETAS PARA PRESIDENTE do IBGE, com a convocação de um congresso institucional que trace as metas e o orçamento do Instituto, com ampla participação da categoria, transparente e aberto às contribuições da sociedade brasileira. A única saída para a crise do IBGE é ampliar a participação democrática da categoria nos rumos da instituição.
A ASSIBGE – Sindicato Nacional convoca toda a categoria a se mobilizar diante deste fato. Agora, mais do que nunca, chegou a hora dos ibgeanos serem respeitados.
Diante da gravidade da situação e dos riscos que essa nomeação pode representar ao IBGE, o Sindicato convoca ASSEMBLÉIAS EM TODAS AS UNIDADES.
Junho/2016
Executiva Nacional da ASSIBGE-SN
Laercio Roberto diz
Infelizmente esse “sistema” usado no Brasil, que deveria ser um sistema de governo, nada mais é do que um sistema político, onde os “parlamentares” só pensam em “ganhar”…. Culpados somos nós que nada fazemos para mudar isso !…. O IBGE é a fonte para que o governante possa nortear as suas metas, verificando através de números estatísticos as necessidades de cada região… A presidência de um órgão extremamente técnico, como o IBGE, deve ser exercida por alguém que seja conhecedor dos problemas da instituição….
Raphael Soares de Moraes diz
Senhores, pela terceira vez estou tentando postar meu comentário sobre o artigo de vocês e o moderador desta página não publica!
Por que será? Vocês só publicam o que agrada a vocês? Se defendem de fato uma democracia, vocês deveriam publicar também as opiniões divergentes e
deixar que os próprios colegas ibegeanos critiquem ou não minha posição. Enquanto não publicarem ficarei reenviando até aceitarem pois acho que isso
é uma democracia. Segue abaixo o meu comentário:
“Senhores, acho lamentável o sindicado já, de cara, assumir essa postura. Isso sim é uma atitude PRECONCEITUOSA! O novo presidente nem chegou e vocês já
acham por bem rotulá-lo pejorativamente de “Chicago Boy”. Vocês acham isso correto? Vocês condenam pessoas que são “do mercado”, por que? Que mal fez ele
em estudar, se qualificar, ter capacidade técnica respeitável e buscar colocações relevantes no mercado, segundo consta em sua própria biografia. Por acaso isso é
algo errado? Aprendam a ouvir as pessoas primeiro , antes de escrever esse tipo de coisa! Simplesmente vergonhoso e lamentável esse tipo de postura, que não
pode de forma alguma representar a opinião de uma instituição de respeito como o IBGE.”
Henrique Acker diz
Rafael, como consideramos que todas as pessoas agem de boa fé, não podemos julgar suas intenções. Em primeiro lugar, não há e nunca houve qualquer iniciativa do Sindicato ou do moderador do Portal em cercear os comentários de quem quer que seja. No entanto, quando se trata de comentários que colocam em quentão a prática sindical adotada pela ASSIBGE-SN e sua Executiva, cabe prestar alguns esclarecimentos: 1) Preconceito ocorre quando algo ou alguém sequer teve a possibilidade de demonstrar a que veio. No caso o senhor Rabello de Castro tem vasto currículo, que demonstra seus propósitos e suas idéias. Basta procurar; 2) Chicago Boy é um apelido dado a economistas ultraconservadores, formados pela escola de Economia da Universidade de Chicago (EUA), que fizeram seu experimentos mais concretos durante a ditadura militar no Chile, sob o comando do general Pinochet; 3) Portanto, cabe, sim, à direção sindical alertar desde já aos trabalhadores quem é o indicado a Presidência do IBGE; 4) Mais do que isso, cabe ao Sindicato levantar a bandeira democrática da eleição direta do Presidente do IBGE, já amplamente debatida e referendada pela categoria, no caminho da afirmação do IBGE enquanto um órgão estratégico de Estado, e não de governos.
Raphael Soares de Moraes diz
Henrique, a sua primeira frase contradiz o resto do texto. Se você de fato prega que as pessoas agem de boa fé, não deveriam então julgá-las pelo currículo, que, aliás, nada tem a ver
com o que ele pode vir a propor como ideias para o IBGE. Infelizmente, a esquerda usa o termo chicago boy pejorativamente, em espontâneo ataque a economistas que se formaram
em uma instituição de renome. Mas estes professores desta instituição sempre falaram o seguinte: “ninguém come de graça”. Quem paga a conta de todo benefício subsidiado pelo
governo é o contribuinte. O Paulo Rabello de Castro tem um livro chamado “O mito do governo grátis”, o qual recomendo que vocês leiam. Me permito aqui colocar um trecho bem no final
do livro, e vocês reflitam se há algo de errado no que foi dito, e que representa sim a ideia do autor, que não me parece estar a serviço do tal “capital”.
“E diante da governança mais desmazelada, o governo se volta para espalhar na população o pior dos venenos, uma assistência social desmesurada e esperta, o cheque do ócio, que convida a sociedade civil ao sossego do conformismo e à anestesia da crítica inteligente que o povo saberia fazer na hora certa. A assistência social é boa para os reais necessitados, enquanto dela necessitem. Esta é a moral do povo brasileiro, que não quer se corromper com a multiplicação dos milhões de cheques mensais do ócio emitidos por Brasília. O povo brasileiro quer treinamento e trabalho. Quer aposentadorias e pensões compatíveis com o que cada trabalhador, ao longo da vida, construiu de pecúlio e merece gastar como quiser. O povo quer, daqui para a frente, ser dono de parte do capital do Brasil. O Estado não o representa nisso.”
Trecho de: Paulo Rabello de Castro. “O Mito do Governo Grátis.” iBooks. https://itunes.apple.com/WebObjects/MZStore.woa/wa/viewBook?id=609E4E0ED64510329730EF8265CD0305“
Raphael Soares de Moraes diz
Senhores, acho lamentável o sindicado já, de cara, assumir essa postura. Isso sim é uma atitude PRECONCEITUOSA! O novo presidente nem chegou é vocês já
acham por bem rotulá-lo pejorativamente de “Chicago Boy”. Vocês acham isso correto? Vocês condenam pessoas que são “do mercado”, por que? Que mal fez ele
em estudar, se qualificar, ter capacidade técnica respeitável e buscar colocações relevantes no mercado, segundo consta em sua própria biografia. Por acaso isso é
algo errado? Aprendam a ouvir as pessoas primeiro , antes de escrever esse tipo de coisa! Simplesmente vergonhoso e lamentável esse tipo de postura, que não
pode de forma alguma representar a opinião de uma instituição de respeito como o IBGE.