por: Lucianne Carneiro – VALOR
Diante do pedido da Executiva Nacional do Sindicato de Trabalhadores do IBGE (ASSIBGE) pelo adiantamento do Censo 2021, divulgado em nota nesta quinta-feira (4), a assessoria de imprensa informou que o IBGE segue trabalhando nas atividades do Censo, cuja coleta de dados será iniciada no dia 1º de agosto.
O IBGE reforçou que o orçamento previsto é de R$ 2 bilhões, conforme proposta encaminhada ao Congresso Nacional no dia 31 de agosto de 2020, e que os profissionais envolvidos seguirão, em todas as etapas da operação, “rígidos protocolos de saúde e segurança, bem como recomendações do Ministério da Saúde e as melhoras práticas de prevenção e combate ao covid-19”.
Mais cedo, nesta quinta, diante do agravamento da pandemia, a Executiva Nacional do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE (ASSIBGE) divulgou nota defendendo o adiamento do Censo 2021.
A decisão foi tomada após reunião que reuniu núcleos do sindicato de todo o país e que apontou os riscos para a saúde dos profissionais envolvidos na operação e também dos brasileiros que receberão os recenseadores.
A coleta para o Censo é realizada ao longo de três meses, entre agosto e outubro, mas há um trabalho prévio de realização das provas para a contratação dos trabalhadores temporários e de treinamento desses profissionais.
“Diante das circunstâncias é temerário seguir com um cronograma, ignorando o agravamento da pandemia no país. A operação censitária não se inicia com sua coleta, mas com testes pilotos, experiências de campo, cadeias de treinamento, entre outras atividades que, se levadas a cabo conforme o planejamento inicial, estarão colocando em risco os profissionais envolvidos nas várias fases de realização do Censo”, aponta o texto.
O IBGE publicou, no dia 18 de fevereiro, os editais do processo seletivo para a contratação de recenseadores e agentes censitários para quase todos os municípios do país para a realização do Censo 2021. O Censo seria realizado no ano passado, mas foi adiado em função da pandemia de covid-19.
O documento divulgado pela Executiva Nacional ressalta que o orçamento destinado ao Censo já não seria suficiente para garantir a qualidade da operação censitária normalmente, mas que o cenário se torna mais crítico com a pandemia.
“É preciso que o IBGE evite converter o trabalho censitário em vetor do vírus para os domicílios brasileiros. E não se fará isso mantendo intacto o cronograma como se nada estivesse acontecendo”, ressalta.
Diretores da Executiva Nacional, Dione Oliveira e Antonio da Matta afirmam que a realização do Censo neste momento é um risco. “A pandemia acentuou os riscos que já vínhamos enfrentando com o orçamento do Censo. Não temos condições de realizar o trabalho neste momento sem riscos”, diz Dione.
No documento, a Executiva Nacional também mostra seu apoio ao movimento iniciado por coordenadores de área do IBGE no Rio Grande do Sul, que pediram, esta semana, o adiamento do Censo diante do colapso do sistema de saúde local, em carta ao chefe da unidade do instituto no estado.
“A pandemia que motivou o IBGE a, com muita sensatez, adiar o Censo Demográfico em 2020, continua acontecendo, em um de seus piores momentos, claramente sem perspectivas de melhora significativa no ano de 2021. Desta forma, nos parece muito claro que o mais sensato a ser feito é adiar novamente o Censo Demográfico para o ano 2022”, defendia a carta dos coordenadores.
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