Novamente o IBGE é alvo de críticas públicas por parte de governantes. Desta vez o Presidente Jair Bolsonaro afirmou que o IBGE “não mede a realidade” e “engana a população”, ao comentar a metodologia de cálculo das taxas de emprego e desemprego aferidas pelo Instituto.
Em nome dos servidores e da confiabilidade do IBGE, órgão respeitado internacionalmente, a ASSIBGE – Sindicato Nacional vem a público esclarecer que:
. A metodologia de cálculo de ocupação/desocupação utilizada pelo IBGE segue as orientações internacionais que garantem a comparabilidade das informações entre os diferentes países. Segundo essa metodologia, temos uma Força de Trabalho, considerando dois contingentes:
I – As pessoas ocupadas, que tiveram trabalho no período de referência em diferentes posições na ocupação (empregados com ou sem carteira de trabalho, trabalhador por conta própria, empregador e trabalhador familiar). Também se leva em consideração os ocupados em subempregos, que trabalham menos horas do que poderiam.
II – As pessoas desocupadas, que procuraram trabalho na semana de referência e estavam disponíveis para o trabalho. A taxa de desocupação explicita o percentual dessa força de trabalho que estava desocupada na semana de referência.
. Outro conjunto de medidas diz respeito à subutilização da mão de obra, mostrando um quadro mais completo do mercado de trabalho, o que permite entender a sua dinâmica mais ampla e o seu grau de precarização. São retratados na subutilização da mão de obra tanto as pessoas que procuraram trabalho, mas não poderiam começar a trabalhar, quanto as pessoas que gostariam de trabalhar, mas efetivamente não procuraram trabalho, os chamados desalentados. Estes estão fora da Força de Trabalho;
. O fato de um contingente desalentado pressionar a taxa de desocupação quando decide voltar a procurar trabalho, não desqualifica a metodologia. Este movimento, por si só, não aumenta a taxa de desemprego. Isso só ocorre quando a pessoa procura trabalho e não encontra. O número de desalentados aumentou de dezembro/2018 a fevereiro/2019, chegando a 4 milhões e 855 mil pessoas (crescimento de 6% em relação ao mesmo período do ano anterior), comprovando que não houve pressão deste contingente sobre a taxa de desocupação, ao contrário do que afirmou Bolsonaro;
. Os números do IBGE são obtidos por servidores treinados a partir de critérios objetivos e refletem, apenas, o resultado das decisões políticas e suas consequências para o mercado de trabalho;
. Portanto, se há algo a ser analisado e criticado é a política econômica dos governos, que nos últimos anos não tem produzido crescimento, produzindo como um de seus resultados o aumento das taxas de desemprego e subemprego.
A ASSIBGE – Sindicato Nacional lamenta profundamente que governantes ataquem o IBGE e façam coro contra um órgão público de excelência, reconhecido como o maior banco de dados da América Latina.
Aproveitamos a oportunidade para reiterar a necessidade de verbas e concurso público para contratação de pessoal, além de uma reestruturação da carreira funcional, tanto para o Censo 2020 quanto para a realização das pesquisas contínuas do IBGE.
O IBGE e seus servidores estão abertos ao debate sobre possíveis alterações metodológicas de suas pesquisas, desde que este seja realizado a partir de premissas sólidas e não tomando como base a vontade política de quem quer que seja.
Cabe aos governantes voltarem-se para as suas responsabilidades como agentes públicos, corrigindo ou alterando as políticas e prioridades de seus governos. Certamente, desta maneira, contribuirão muito mais com a melhoria dos indicadores sociais e do mercado de trabalho em nosso país.
Diante desses ataques, acreditamos que se faz necessário um posicionamento oficial da Direção do IBGE, como aconteceu recentemente, para esclarecer a opinião pública e defender a Instituição.
Executiva Nacional
ASSIBGE – Sindicato Nacional
2 de Abril de 2019
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