Carta aberta à população EM DEFESA DO IBGE E DO CENSO SEM CORTES

O corte no orçamento e no questionário do Censo 2020 poderão trazer consequências profundas para o conhecimento da realidade brasileira e para a formulação e monitoramento das políticas públicas no país.

A ausência da pesquisa sobre o Entorno, que levanta dados sobre as condições dos logradouros (calçamento, iluminação, rampas de acesso, coleta de lixo, dentre outros) terá impactos sobre uma série de serviços municipais, fundamentais para a população mais empobrecida.

Da mesma forma, os cortes no questionário do Censo sobre dados de imigração e migração interna, de bens duráveis (geladeira, veículos automotores), assim como no valor do aluguel, no tipo de ensino (público ou privado) e até na renda de cada morador do domicílio pesquisado, podem mascarar a realidade concreta da população.

Além disso, a forma como o corte foi imposto revela um processo de intervenção política no IBGE, marcado pelo desrespeito aos critérios técnicos e pela redução dos espaços de diálogo com a sociedade e os trabalhadores do IBGE.

Exoneração de diretores, nomeação de membros externos e consultorias do Banco Mundial fizeram parte desse processo de desrespeito ao projeto do Censo 2020, construído pela equipe técnica da casa a partir de uma série de consultas e seminários internos e externos.

Por fim, o não comparecimento nem o envio de um representante da Direção do IBGE a Audiência Pública, realizada em 29 de maio na Câmara dos Deputados, em Brasília, só confirmam a incapacidade de diálogo da atual Presidente do IBGE, Susana Cordeiro Guerra, com a sociedade.

Nós, trabalhadores do IBGE, chamamos o povo brasileiro a dizer um NÃO a esse retrocesso, dado o risco deste Censo retratar precariamente a realidade e de pagarmos a conta com o fim de políticas públicas fundamentais para amenizar os graves problemas de nosso país.

Por isso, a ASSIBGE – Sindicato Nacional reafirma seus compromissos:

 

. Por concursos públicos para fortalecer o quadro de pessoal do IBGE

. Pela democratização do IBGE, com eleições de chefias, Conselho Diretor e da Presidência

. Por mais verbas para o cumprimento dos planos de trabalho do IBGE

. Pela autonomia técnica do IBGE e contra a intervenção do governo

. Defender o IBGE em seus 83 anos é defender o CENSO SEM CORTES!

O Brasil quer se ver por inteiro

 

30 de maio de 2019

Executiva Nacional da ASSIBGE – Sindicato Nacional