Comissão do Congresso responsável pelo Orçamento do ano que vem afirmou que assegurou ao IBGE a verba necessária para a pesquisa. IBGE já havia dito que Censo 2020 terá cortes –
A comissão do Congresso responsável por aprovar o Orçamento da União do ano que vem afirmou nesta quinta-feira (8) que garantiu verba suficiente para assegurar “integridade metodológica” e “comparabilidade histórica” do Censo 2020. A comissão, no entanto, não informou o valor previsto.
Em maio de 2019, a presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Susana Guerra, afirmou que haveria um corte de cerca de 25% no orçamento inicialmente planejado para a pesquisa. Com isso, o valor deve ficar em torno de R$ 2,3 bilhões.
Guerra também disse que o questionário completo do ano que vem terá menos perguntas do que os anteriores.
O Censo Demográfico é feito a cada 10 anos e tem abrangência nacional. Pesquisadores do órgão visitam os domicílios pelo país para obter dados sobre as características dos moradores – nível de estudo, trabalho, entre outras informações.
Depois de passar pela comissão, formada por deputados e senadores, o Orçamento da União tem que ser aprovado em uma sessão conjunta do Congresso Nacional. Em seguida, vai à sanção do presidente Jair Bolsonaro, que tem a prerrogativa de vetar trechos.
A última edição do Censo foi em 2010. O IBGE estima que a população tenha aumentado em cerca de 10,4% desde então. O órgão acredita que o Brasil tenha atualmente 213 milhões de habitantes.
Na pesquisa do próximo ano o questionário básico terá 25 perguntas. Em 2010 foram 34 questões. Já o formulário de amostra, que é aplicado em apenas 10% das visitas, terá 76 questões, 34 perguntas menos do que o censo 2010.
Por conta dessa mudança, servidores do IBGE protestaram, em maio, em frente ao prédio do instituto, no centro do Rio. Eles argumentaram, naquele momento, que a redução no orçamento vai comprometer a qualidade do trabalho do instituto.
A retirada de questões detalhadas envolvendo temas como fontes de renda, formação escolar e bens de consumo do Censo 2020 gerou críticas entre especialistas da área de pesquisas ouvidos pelo G1. Para eles, a falta dessas informações impactará diretamente o planejamento do país.
Em julho, o Ministério Público Federal pediu ao IBGE esclarecimentos sobre as alterações promovidas no Censo 2020. Para o MPF, a mudança metodológica anunciada levanta “questionamentos acerca da qualidade dos dados obtidos e, consequentemente, dos impactos nos subsídios à implementação de políticas públicas”.
Salário mínimo
O relator da Orçamento na comissão, deputado Cacá Leão (PP-BA), manteve a previsão do governo de que o salário mínimo seja reajustado dos atuais R$ 998 para R$ 1.040 a partir de janeiro do ano que vem, com pagamento em fevereiro.
Mesmo sendo a primeira vez que o salário mínimo ficará acima de R$ 1 mil, não será concedido aumento real, ou seja, acima da variação da inflação neste ano.
O valor do salário mínimo impacta os gastos públicos. De acordo com cálculos oficiais do governo, o aumento de cada R$ 1 para o salário mínimo implica despesa extra de, no mínimo, R$ 300 milhões.
Por Alexandro Martello, G1 — Brasília
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