Em nota publicada ontem, a direção do IBGE buscou justificar suas ações recentes. Na medida em que parte das alegações mencionam diretamente a ASSIBGE, é imprescindível realizar algumas elucidações.
No comunicado, a direção afirma que, em um ano de gestão, Pochmann realizou 4 reuniões com o sindicato o que é verdade, porém, o conteúdo dessas reuniões sempre foram transparentes e divulgados pelo sindicato. O que ocorre, é que, as tais mudanças estratégicas que estão sendo implementadas, como a criação da fundação de direito privado, jamais foram apresentadas por Pochmann nas referidas reuniões. No caso do teletrabalho, o tema foi discutido na reunião de maio, e o presidente havia se comprometido a não implementar nenhuma nova mudança sem consultar o sindicato. Foi o oposto do que ocorreu.
O noticiado omite também que, no dia 10 de setembro, Pochmann comunicou que tinha disponibilidade de tempo para receber o sindicato, mas apresentava veto a debater os temas solicitados pela ASSIBGE. É igualmente preocupante que o projeto “Diálogos” seja citado em defesa das medidas em curso. Como pode ser visto nas diretrizes aprovadas, nada do que foi debatido no projeto “diálogos” valida as medidas em curso – pelo contrário, em alguns casos as diretrizes consensuadas apontavam em outro sentido. A própria direção, que, hoje sabemos, já naquele momento tinha como uma das suas principais prioridades a criação da fundação de direito privado, preferiu omitir totalmente o assunto, não mencionando o mesmo sequer uma vez.
Em atitude leviana e desrespeitosa ao Sindicato e ao conjunto de servidores do IBGE, o comunicado tentou ainda plantar na imprensa a versão de que a indignação da categoria em relação a criação por baixo dos panos de uma fundação de direito privado seria apenas um reflexo da polêmica em torno do teletrabalho, como se os IBGEanos não estivessem comprometidos com a defesa da instituição.
O restante do noticiado contém outras incorreções e algumas informações erradas. Elencar cada uma delas exigiria muito tempo, mas é imprescindível mencionar que a direção insiste na versão de que o “IBGE+” foi criado para atender exigências relacionadas à transformação do IBGE em ICT. Na realidade, a transformação em ICT não exige a criação de uma fundação. É bastante nítido que o processo de decisão foi o inverso: o IBGE foi transformado em ICT apenas para que Pochmann pudesse criar uma fundação de direito privado.
Um informe com exposição sincera de motivações certamente seria bem-vindo. Infelizmente, o tom e o conteúdo adotados no comunicado publicado servem apenas para agravar a crise enfrentada pelo Instituto.
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