O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) completa 83 anos nesta quarta-feira (29) sem ter o que comemorar após o anúncio do corte pelo Governo Federal de 36 perguntas do questionário completo do Censo Demográfico 2020, o que representa 32% do total.
A diretora do Sindicato dos Trabalhadores do IBGE (ASSIBGE-SN) Aline Damacena lamentou a iniciativa e lembrou que o ataque de Jair Bolsonaro ao instituto antecede o contingenciamento de verbas para a pesquisa decenal que produz dados sobre o perfil populacional do país.
“Estamos fazendo ações desde o dia 2 desse mês, antes de ser anunciado o tamanho do corte, que foi precedido por ações que são, no mínimo, uma temeridade em relação à autonomia técnica do instituto. A primeira coisa foi mudar a presidente do IBGE, trazer uma pessoa de fora, sem o mínimo conhecimento da casa, que já chegou falando que ia diminuir o Censo e mudar todos os diretores que tiveram discordância desse corte”, esbravejou.
O questionário básico do Censo sofreu na mesma proporção, com a exclusão de nove das 34 questões previstas. A presidente do instituto Susana Guerra argumentou que a diminuição no número de perguntas estava prevista ainda que não houvesse a necessidade de cortar gastos.
O novo formato da pesquisa deve custar R$ 2,3 bilhões aos cofres públicos, uma queda de 25% do orçamento inicial calculado, que era de R$ 3,1 bilhões. A ASSIBGE-SN realizou uma manifestação em frente à sede do instituto nesta manhã contra o anúncio do contingenciamento.
“Estamos pedindo autonomia técnica do Censo, há toda uma questão de estudo onde as metodologias são decididas e feitas de acordo com as normas da ONU, não é uma coisa tirada de qualquer lugar. Sabemos que não é só uma questão de corte de gastos, já tivemos duas provas piloto no modelo anterior. Quem vai cobrir esses gastos?”, questionou Aline.
Nos próximos dias, a ASSIBGE-SN deve quantificar o prejuízo à pesquisa nas residências brasileiras com a diminuição dos questionários. Além disso, os parlamentares na Câmara começam a se movimentar para buscar respostas.
“O sindicato vai fazer uma análise comparativa dos dois questionários para entender a magnitude dos cortes, o tamanho do estrago, inclusive para ver como vai ficar em relação à série histórica. Hoje tenho uma audiência pública em Brasília chamada pelo deputado Marcelo Freixo na Comissão dos Idosos para ver qual será o impacto desse corte para os idosos e deficientes”, disse a dirigente.
Ouça a entrevista de Aline Damacena na íntegra:
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