Ao abordarem a situação dos servidores públicos e a democratização do IBGE, o sociólogo Rudá Ricci e o dirigente da ASSIBGE-SN, Cássius de Brito, apontaram para a necessidade do movimento dos servidores debater um novo projeto de serviços públicos, aberto ao diálogo com a população, voltado para se planejar e atender a partir das demandas dos usuários.
A partir de um resgate histórico da origem do Estado moderno e da formação de seu corpo burocrático, partindo no caso brasileiro da chegada de Dom João VI ao país, Rudá Ricci levantou a necessidade do funcionalismo apresentar à sociedade uma alternativa para os serviços públicos, sob pena de se perder no corporativismo sindical e reivindicatório.
Ricci citou a proposta do sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, que aponta alguns aspectos para uma alternativa. Para ele o Estado democrático do século XXI precisa ser: aberto às representações sociais (escolha dos dirigentes e democratização das estruturas); transparente, com linguagem didática e popular; focado na garantia das possibilidades das expectativas das famílias e grupos sociais; fomentador de políticas públicas universais e inclusivas, dentre outros aspectos.
Já Cássius de Brito fez referência ao projeto de IBGE defendido e propagado por Paulo Rabello de Castro, que pretende transformar o órgão em prestador de serviços a grupos privados em sistema de “pesque e pague”, um modelo privatista e excludente. Para Cássius o Sindicato já apontou a necessidade do IBGE se abrir ao diálogo com a sociedade organizada, mas a partir das demandas da maioria da população, cujos porta-vozes são os movimentos populares.
Cássius lembrou que o marco deste debate no IBGE foi a realização do Congresso Democrático sobre o IBGE, organizado pela ASSIBGE-SN em 2009, e que contou com a participação de representantes de setores dos movimentos populares e da academia, além de cerca de 500 colegas do IBGE de todo o país. De acordo com Cássius o caminho é aprofundar as conclusões daquele congresso, deixando claro que a democratização do IBGE não passa só pela eleição direta ou em lista tríplice do seu Presidente.
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