A ASSIBGE – Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE encara com preocupação os acontecimentos da vida nacional e os rumos que estão tomando os debates nas ruas, no parlamento, no Executivo, no Judiciário e na mídia empresarial.
A ASSIBGE-SN reafirma sua posição de entidade sindical independente de governos e partidos políticos, democrática e classista, comprometida com os interesses da classe trabalhadora. Por isso mesmo, defendemos um serviço público de qualidade, voltado para atender a maioria da população e transparente, cujas direções devem ser escolhidas pelos próprios servidores.
A ASSIBGE-SN considera legítima e democrática toda e qualquer manifestação de rua, contra ou a favor do governo. Também considera normal qualquer procedimento político adotado na condução do país, desde que embasado em preceitos constitucionais.
No entanto, é preocupante que a sociedade acompanhe a vida política através de grampos telefônicos, divulgados amplamente pela mídia, que exprime suas preferências políticas sob o disfarce de “informação”.
Informação é tudo que se considera relevante para a vida pública. Conversas pessoais, sejam elas quais forem e entre que personagens forem, são questões de foro íntimo. Caso contrário, a sociedade vai legitimar o vale-tudo e a espionagem policialesca como método, num flagrante desrespeito à privacidade.
Preocupa também o acirramento dos ânimos entre posições cristalizadas, que acabam por anular o debate de ideias e dificulta o encontro de saídas para a crise política e econômica que o país atravessa. Política não é um jogo de futebol, mas uma ferramenta para a apresentação de propostas e a busca de soluções de interesse da sociedade.
O governo Dilma é em grande parte responsável pela situação de paralisia em que se encontra o país. O ajuste fiscal adotado como política econômica pelo governo cortou investimentos públicos, não teve impacto sobre a inflação e manteve os juros em patamares absurdos.
A corrupção que jogou lama na nossa Petrobras, nas grandes empreiteiras e em personalidades da vida política e empresarial, ajudando a paralisar a economia e trazendo desemprego em massa, infelizmente é uma praga arraigada há séculos e precisa ser combatida. Isso só será possível com transparência e mais democracia, com a eleição dos dirigentes das estatais e dos serviços públicos por seus próprios trabalhadores.
Agora, o ministro da Fazenda anuncia novo pacote de medidas para o que chama de Reforma Fiscal, que reduz ainda mais os gastos públicos (menos R$ 4,2 bilhões para a Educação e menos R$ 2,3 bilhões para a Saúde), prevê programas de demissão voluntária no serviço público e o fim do reajuste do salário mínimo acima da inflação.
Por sua vez, a oposição conservadora aposta suas fichas no caos, patrocinando um processo de impeachment, comandado por uma Câmara de Deputados na qual grande parte dos que irão julgar a Presidente da República é processada por diversos crimes políticos e financeiros.
A lista de políticos agraciados pela construtora Norberto Odebrecht, com contribuições legais ou não para as suas campanhas eleitorais, evidencia que não há santos ou demônios nesta disputa. São nove governadores, 16 senadores e 54 deputados de diversos partidos do governo e da oposição conservadora. Neste meio ninguém paga almoço de graça.
Já há os que tramam nos bastidores a formação de um governo do senhor Michel Temer (PMDB), apoiado pela oposição derrotada nas urnas, para comandar o país pelos próximos dois anos e meio. Como separar Dilma de Temer? Ou será que o vice-presidente é uma vestal, que nada sabe e nada vê?
Alertamos que os projetos já apresentados pelo senhor Temer como soluções para o país nada mais são do que a vontade dos grandes grupos empresariais – bancos, agronegócio, grandes indústrias – cujo mote é a privatização do que restou do Estado brasileiro.
As propostas já apresentadas pelo senhor Temer ignoram a sangria desatada dos recursos públicos para pagar juros e amortizações da dívida pública, que sacrifica todos os anos 45% do Orçamento da União. Esta é a maior razão para a falência da Saúde e da Educação públicas, além dos parcos recursos para outros setores fundamentais para a população e o progresso do país, como o transporte, o saneamento básico, a pesquisa, etc.
A ASSIBGE-SN manifesta o firme propósito de contribuir para o debate e a busca de uma saída para a crise em que o país está mergulhado. Para isso, considera que o determinante é que o principal ator deste processo seja o povo brasileiro.
Qualquer tentativa de quebra da ordem constitucional, sem provas cabais que justifiquem um impedimento da Presidente, subverte a soberania popular. Alertamos a todos os trabalhadores do IBGE e a toda a sociedade sobre a necessidade de discutir o momento político do país, visando à construção de uma saída que melhore a vida de nosso povo.
A classe trabalhadora e a juventude não podem pagar esta conta. Ainda estão por ser realizadas as verdadeiras reformas que interessam à maioria do nosso povo. A ASSIBGE-SN quer contribuir para uma saída desta crise, baseada em:
. Reforma agrária que distribua terras aos que querem plantar, tornando mais baratos os preços dos alimentos;
. Reforma urbana para os que necessitam de um teto e dignidade;
. Reforma do ensino que fortaleça a escola pública de qualidade e em tempo integral;
. Reforma política, que acabe com as doações de campanha de grupos privados e privilegie o debate de ideias;
. Reforma dos meios de comunicação, com o respeito às distintas opiniões que existam na sociedade para que o debate contribua na superação dos problemas do país;
. Reforma fiscal que faça com que os mais ricos paguem mais impostos.
Junto a essas reformas é preciso estancar a sangria de recursos do país, consumidos pelo pagamento de uma dívida pública ilegítima, que precisa ser auditada por uma comissão independente.
Não aceitamos nenhuma saída que represente uma ruptura institucional e a manutenção da mesma elite instalada há mais de 500 anos no poder, com o disfarce de um velho lobo sob a pele de um cordeiro.
Março de 2016
Executiva Nacional da ASSIBGE-SN
Guto diz
Juros não se controla… fazer isso é copiar o chavismo e pedir para o País quebrar.. se existe um problema no Brasil, foi causado a imensa quantidade de pedaladas fiscais, é so pegar DADOS e comparar…