A política do governo Bolsonaro é clara: promover o desmonte do Estado brasileiro, carreando os recursos da arrecadação tributária do país para interesses privados. A postura da Presidente do IBGE se soma a essa política, propondo o corte de verbas e do questionário do Censo 2020.
O Censo Demográfico é a maior e mais detalhada pesquisa domiciliar, uma tomografia computadorizada do país. Por sua capilaridade, só o Censo consegue rastrear as condições de vida da população, suas carências e potenciais.
O projeto do senhor Paulo Guedes não visa suprir as necessidades da população mais carente, através de políticas públicas. Ao contrário, ele e o “mercado” enxergam no Estado o grande vilão da sociedade, difundindo como “gasto” o que deveria ser investimento. Mas esta mesma gente não se incomoda de pedir perdão de dívidas de impostos e de recorrer aos cofres públicos quando seus negócios privados estão em risco.
No IBGE, a intervenção do governo Bolsonaro já deixou como rastros a confirmação de que não haverá concursos públicos, a redução do orçamento do Instituto, a exoneração de dois diretores, o corte de verbas e a imposição de um questionário reduzido para o Censo 2020.
A Presidente e sua equipe rasgaram as duas provas-piloto e todo o sistema de consultas à sociedade, que redundaram no questionário originalmente elaborado pelo corpo técnico da casa. O trabalho meticuloso realizado pelos ibgeanos foi jogado na lata do lixo. Na verdade, Susana Guerra não preside o IBGE, ela é a promotora da política de Estado mínimo no IBGE.
Já não escondem que o corte no questionário do Censo não seria por razões financeiras, mas porque não interessa levantar dados que comprometam os governos com políticas públicas. Afinal, como disse o senhor Guedes “se perguntar demais você vai acabar descobrindo coisas que nem queria saber.”
Por todos esses motivos, a ASSIBGE-SN reforça a posição adotada na reunião da Direção Nacional de maio de 2019, que reuniu cerca de 80 delegados de todo o país: a melhor forma de defender o IBGE e o país deste verdadeiro apagão estatístico é lutar por um CENSO SEM CORTES.
O Sindicato não dará trégua e nem aval para este arremedo. A realidade do povo brasileiro precisa ser retratada em sua plenitude e diversidade. Nós merecemos respeito e temos, antes de tudo, um compromisso com a missão institucional do IBGE.
Executiva Nacional da ASSIBGE-SN
6 de junho de 2019
Deixe um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.