A tradição de valorizar o quadro de funcionários do IBGE, nomeando servidores da casa para a Presidência do Instituto, foi quebrada em 2016, com o impeachment da Presidenta Dilma. Essa questão ganhou novos contornos no governo Bolsonaro. A nomeação da escolhida por Paulo Guedes, Susana Guerra, para a Presidência do IBGE inaugurou um processo gradativo de substituição das posições estratégicas por pessoas de fora do quadro de pessoal do IBGE. Esse processo foi marcado por exonerações, ausência de diálogo, quebra de ritos institucionais e, principalmente, pela falta de defesa do Instituto frente ao Governo.
O Censo Demográfico, que sofreu um corte de verba defendido estranhamente pela própria Presidente, foi adiado sem a devida comunicação às equipes envolvidas. Os trabalhadores do IBGE souberam do fato através da impressa. Como se não bastasse, a verba para a realização do Censo sequer está assegurada.
A Direção segue com a política de contratação temporária para suprir a falta de mão de obra, colocando em risco a memória institucional do IBGE. A insistência em substituir força de trabalho do quadro por temporários fica evidente pelo alto número de subáreas contratados para o Censo 2021. Uma responsabilidade enorme estará nas mãos de trabalhadores sem experiência e treinamento, que desconhecem o território em que vão atuar e que, ao final do processo, serão desligados, levando consigo toda a experiência de uma das pesquisas mais importantes da Instituição.
Ainda que a própria Susana Guerra esteja temporariamente na Presidência, sua gestão deixará marcas que enfraquecem a autonomia do IBGE e afetam sua imagem frente à sociedade. É evidente que temos uma Presidente que não representa a Instituição e suas demandas junto ao Poder Executivo, limitando-se a aplicar as determinações do governo no IBGE.
Mesmo que de forma não anunciada, o projeto do governo Bolsonaro/ Guedes para o IBGE fica cada vez mais evidente: subordinação a decisões e metas de governo e enfraquecimento da autonomia técnica do órgão; decisões adotadas sem diálogo com as equipes envolvidas; alienação dos servidores nos projetos institucionais; e insegurança quanto ao futuro da Instituição.
A atual Presidente do IBGE não dialoga com o Sindicato há mais de um ano e, por isso, desconhece as principais demandas dos trabalhadores. Da nossa parte, seguiremos defendendo a autonomia técnica e democratização da gestão do IBGE, melhores condições de trabalho e salariais para todos, restruturação da carreira e concurso público.
Executiva Nacional ASSIBGE-SN
9/7/2020
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