A Direção do IBGE informou, através do Ofício 615/2024/IBGE, “que tão logo seja possível, será fornecida data para realização da reunião com a ASSIBGE-SN”. O pedido de reunião do sindicato foi pela modalidade presencial com tempo suficiente para aprofundar a extensa pauta acumulada: mudanças no estatuto, teletrabalho, mudança para o Horto, pauta não orçamentária dos trabalhadores temporários e Fundação IBGE+.
Trata-se da terceira tentativa, por parte do sindicato, de realizar a reunião com a direção do IBGE para tratar das questões expostas. A primeira oferta de reunião respondendo o pleito sindical foi rejeitada pela ASSIBGE por não contemplar o pedido, ela tratava-se exclusivamente de uma apresentação sobre a Fundação IBGE+, após sua formalização. A segunda oferta foi também recusada pela Executiva Nacional do sindicato por ser considerada um encaixe na agenda do Presidente que realizava viagem internacional, o espaço oferecido foi virtual, na sexta-feira, às 17 horas. Após declinar da segunda proposta de reunião virtual, a Executiva Nacional da ASSIBGE-SN enviou novo ofício solicitando urgência na marcação da reunião presencial, que segue sem data concreta, apenas com sinalizações.
Em paralelo à incerteza relativa à data para realização da reunião presencial com a representação dos trabalhadores, a Direção avança com a fundação IBGE+. Recentemente, foram nomeados membros para o Conselho Fiscal, Conselho Curador e Diretoria Executiva. O que aponta que, se por um lado há dificuldades em debater temas emergenciais com o sindicato, por outro lado, há urgência em tornar a fundação uma realidade e sem o debate necessário com os servidores. O projeto de mudança das Diretorias alocadas na Avenida Chile também tem avançado sem o devido diálogo com os servidores afetados com a mudança.
Desde que foi descoberta a criação da fundação, a ASSIBGE-SN está denunciado os riscos de privatização do IBGE através da venda de pesquisas, uma vez que a fundação tem condições de realizar convênios com a iniciativa privada, seja com capital nacional ou internacional. O sindicato sinaliza também para os perigos de aparelhamento do órgão público através das nomeações de pessoas de fora da instituição. Além disso, questões relacionadas à associação entre a fundação e o IBGE podem ter um potencial destrutivo para a imagem do órgão coordenador e responsável pelas estatísticas oficiais do país.
A ASSIBGE-SN realizou, na quarta-feira passada (02/10), uma live onde o tema foi amplamente debatido por especialistas (https://encurtador.com.br/lC0yK). A postura intransigente da Direção em temas como Fundação, estatuto, teletrabalho e mudança para Horto tem colocado a categoria em alerta. Nas últimas duas semanas, trabalhadores realizaram atos contrários à postura da Direção no que diz respeito à falta de diálogo. O ato do dia 26 de outubro na frente do IBGE chegou a reunir mais de 250 pessoas. Ontem (09/10), no lançamento da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) um novo ato foi realizado na Casa Brasil.
Refletindo sobre as incertezas quanto aos impactos da Fundação para o IBGE, muitos trabalhadores têm se posicionado contrários à fundação, inclusive, há informações que diretores têm recuado em relação à criação do IBGE+. Hoje, 09/10, haverá uma reunião entre Executiva Nacional e os Núcleos estaduais para encaminhar esse debate nas bases.
A Executiva Nacional da ASSIBGE entende que a crise enfrentada pela instituição só chegou a tal grau de gravidade devido a reiterada recusa, por parte do presidente Márcio Pochmann, de estabelecer qualquer canal de diálogo real com os servidores do IBGE e de agir com falta transparência em relação às suas ações nos últimos meses. A superação da crise reside justamente em reverter essa situação. A presidência deve suspender as medidas em curso, apresentar com clareza suas motivações e ouvir o que a casa tem a dizer a respeito.