O presidente do IBGE, Roberto Olinto, defendeu nesta segunda (2) a criação de um fundo para financiar as pesquisas censitárias, que demandam coleta de informações de porta em porta e, por isso, são mais caras. O instituto já iniciou negociações para levantar R$ 3 bilhões para o censo demográfico, em 2020.
“Buscaremos os recursos necessários. Tenho certeza de que o Brasil realizará o censo demográfico”, disse o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, em entrevista para anunciar o início da coleta de dados do censo agropecuário, que sofreu com cortes de custos e atrasos.
Iniciada neste domingo, a coleta de dados do agronegócio brasileiro contará com cerca de 19 mil pesquisadores, que visitarão 5,3 milhões de estabelecimentos agrícolas no país.
A pesquisa deveria ter sido iniciada em 2015, mas foi adiada por falta de recursos. Em 2016, o instituto conseguiu levantar R$ 785 milhões para iniciar o censo, em uma versão mais enxuta do que a prevista inicialmente.
Agora, trabalha para tentar viabilizar o censo demográfico –o último foi feito em 2010. A pesquisa envolve visitas a todos os domicílios brasileiros e demandará cerca de 300 mil pesquisadores. A preparação técnica já começou e o IBGE conseguiu R$ 7,5 milhões para realizar palestras e seminários sobre o tema em 2018.
De acordo com Olinto, a maior parte dos recursos seria gasta em 2020, ano da coleta dos dados. O custo estimado inicialmente gira entre R$ 2,5 bilhões e R$ 3 bilhões. Olinto diz que o desenvolvimento de tecnologia para o censo agropecuário pode reduzir um pouco o custo.
Mas defendeu a criação de um fundo permanente para as duas pesquisas, com aportes anuais, para evitar a disputa por recursos do orçamento que já levou a atrasos no censo agropecuário. “Queremos retomar a ideia de um fundo para operações censitárias, que possa diluir esses custos ao longo dos anos.”
Segundo ele, a ideia será levada ao governo dentro de uma proposta de modernização das leis que regem a produção de estatísticas no país. Olinto não quis adiantar, porém, qual a proposta de origem dos recursos para o fundo.
O censo agropecuário prevê gastos de R$ 505 milhões em 2017 e R$ 280 milhões em 2018. Na versão anterior, falava-se em R$ 1,6 bilhão, com a contratação de cerca de 80 mil pessoas. Na nova proposta, foram 26.010.
Com menos gente, o questionário foi reduzido, o que gerou críticas, incluindo da Associação de Geógrafos Brasileiros, para quem as mudanças atingirão a qualidade dos dados.
O IBGE nega e rechaça a tese de corte da pesquisa, alegando que não tinha garantias de que receberia recursos para fazer a versão anterior. “É um censo que garante a qualidade da informação”, afirmou nesta segunda o gerente técnico da pesquisa, Antônio Carlos Florido.
A coleta será inteiramente digital e os dados podem ser transmitidos em tempo real por conexão via wi-fi.
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