RIO – O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) está revisando a metodologia e operação do Censo Demográfico previsto para ir a campo em 2020. O objetivo é fazer o levantamento censitário caber num orçamento 25% menor do que o calculado, com um questionário mais enxuto, informou o instituto, em nota, nesta terça-feira, 9.
O assunto foi pauta de uma reunião, na sexta-feira passada, 5, entre a nova presidente do IBGE, Susana Cordeiro Guerra, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, na representação do ministério no Rio de Janeiro.
A realização do Censo Demográfico já vinha ameaçada por falta de recursos desde o ano passado. Conforme antecipou o Estadão/Broadcast em agosto, a equipe econômica do governo de Michel Temer defendia um censo mais enxuto, por causa de restrições orçamentárias.
Embora os testes e preparativos estejam em andamento, o levantamento não teve até hoje garantia de verbas para aquisição de equipamentos e contratação de pessoal. O custo total foi inicialmente calculado em R$ 3,4 bilhões.
Em 2018, em meio a resistências da equipe de Temer, o IBGE pediu ao então Ministério do Planejamento R$ 344 milhões para investimento em equipamentos e software no ano de 2019. Do orçamento pleiteado, foram concedidos apenas R$ 240 milhões para os trabalhos ao longo deste ano.
Em 2018, o órgão recebeu R$ 6,7 milhões em recursos para os preparativos da operação censitária, de uma previsão inicial de R$ 7,5 milhões. Outros R$ 3,056 bilhões seriam necessários para viabilizar a coleta em 2020, conforme foi originalmente planejada.
O presidente anterior do IBGE, Roberto Olinto, funcionário de carreira do órgão, defendia reiteradamente que o censo não poderia ser enxugado sem que houvesse perda de qualidade de informações.
Na nota divulgada neta terça, o IBGE diz que o Censo Demográfico 2020 é prioridade para o órgão, mas pondera que “nesse momento, desafios adicionais se apresentam”. “No governo federal como um todo, a diretriz é de restrições orçamentárias e a realização do Censo requer a aprovação de orçamento pela União”, declara o instituto, no texto.
O IBGE informa que “várias alternativas estão sendo estudadas para viabilizar a execução do Censo e garantir a qualidade da operação”. “O objetivo do IBGE é realizar um Censo menos custoso, com qualidade e sem perda de informação”, diz na nota.
“Nesse contexto, a redução orçamentária tornou-se um fator essencial. A operação está sendo revista, de modo a ter um custo cerca de 25% menor que a previsão inicial. Com isso, torna-se necessário ajustar os questionários, de modo que se possa eleger que informações fundamentais devem ser pesquisadas no Censo e quais podem ser obtidas por outras pesquisas amostrais. Não haverá perda de informações”, argumenta o IBGE.
Segundo o órgão, ainda não está definido o tamanho do corte no questionário nem no número de recenseadores necessários para coletar os dados, tampouco quais tipos de informações serão eliminadas do levantamento.
Técnicos do instituto ainda estudam os dados que deixariam de ser coletados no Censo e poderiam passar a integrar outras pesquisas do órgão que têm apenas coleta amostral, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua. O Censo Demográfico visita todos os domicílios brasileiros, portanto, tem abrangência muito maior.
“Importante salientar que eventuais alterações no questionário só serão implementadas após consultas a quatro grupos-chave: Comissão do Censo; Comissão Técnica; Grupo de Especialistas; e Órgãos Internacionais, sem prejuízo da discussão contínua entre as áreas técnicas da Instituição. A sociedade será devidamente informada quando o quadro final estiver concluído. Isso porque cada item está relacionado aos demais, de modo que uma informação parcial pode desviar de um bom retrato da realidade”, concluiu o instituto.
O Estado de S. Paulo (9/4/2019) – Daniela Amorim
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