Nota de solidariedade da Central dos Trabalhadores da Argentina – Autônoma aos trabalhadores do IBGE

Solidariedade de classe –  A Central de Trabalhadores da Argentina Autônoma (CTA-A) repudia declarações de Bolsonaro em relação às estatísticas públicas no Brasil – O presidente recém-eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, voltou a dar declarações polêmicas. Agora tratou como “farsa” os números pesquisados mensalmente pelos trabalhadores e trabalhadoras do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Com afirmações absurdas, Bolsonaro questionou a veracidade das estatísticas em relação a quem recebe bolsa-família e seguro desemprego. Também acrescentou que é preciso mudar a metodologia da pesquisa, para formular uma “taxa de empregados”, e não de desempregados.

Essas afirmações, além de demonstrar a desinformação do Presidente eleito e a incapacidade para abordar o tema, representam um claro ataque aos trabalhadores e trabalhadoras do IBGE – organizados no sindicato irmão ASSIBGE-SN – que assumem a tarefa diária de elaborar estatísticas confiáveis, sob padrões metodológicos de reconhecimento internacional. Do mesmo modo, sinalizam o caminho para uma possível intervenção.

A ASSIBGE – Sindicato Nacional já expressou seu repúdio enérgico a essas afirmações, explicando detalhadamente as metodologias que os trabalhadores do Instituto utilizam na elaboração dos dados estatísticos, alertando sobre os princípios fundamentais que regem o funcionamento do IBGE de “independência política e autonomia técnica na definição de suas metodologias”.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) advertiu sobre o perigo das declarações, que desqualificam a produção dos dados de desemprego e socioeconômicos gerais do país.

A Central de Trabalhadores da Argentina – Autônoma (CTA-A) repudia as declarações de Bolsonaro e alerta sobre qualquer tentativa de intervenção que implique o ataque aos trabalhadores e as metodologias de trabalho de um órgão que, historicamente, utiliza padrões internacionais em suas pesquisas, com a finalidade de que as estatísticas brasileiras sejam comparáveis às dos demais países do mundo.

Na Argentina conhecemos o perigo que implica a intromissão política nos órgãos oficiais de estatísticas, luta que encabeçaram de maneira heroica nossos companheiros da Junta Interna da ATE Indec durante quase dez anos, apoiados por nossa Central.

Assim, expressamos nossa mais ampla solidariedade de classe com a luta das companheiras e companheiros do IBGE, que sustentam a tarefa de elaborar estatísticas confiáveis ao serviço da sociedade brasileira.

Buenos Aires, sexta-feira, 9 de novembro de 2018.