Nota de solidariedade aos trabalhadores da pesquisa UFPEL/IBOPE sobre Covid-19

A imprensa tem noticiado, nos últimos dias, uma série de casos de agressões contra trabalhadores que coletavam testes rápidos de Covid-19 para uma pesquisa amostral, visando medir a disseminação da doença. Trata-se da pesquisa planejada por pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), financiada pelo Ministério da Saúde e executada pelo IBOPE, que busca colher 33 mil testes rápidos de Covid-19, a cada quinzena, em 133 municípios do país.

As matérias jornalísticas informam que os profissionais que estão em campo foram vítimas de agressões em ao menos 14 municípios, em todas as regiões do país, e que em alguns casos as agressões foram promovidas por autoridades policiais ou municipais, chegando até mesmo a casos onde os agentes de pesquisa foram detidos e os materiais destruídos.

Agravando a situação, ocorreram casos onde os agentes de pesquisa, que não apresentavam infecção por Covid-19 no início do trabalho, passaram a apresentar sintomas da doença depois, indicando a possibilidade de contaminação durante o trabalho de coleta.

Nós, trabalhadores do IBGE, conhecemos as dificuldades de realizar pesquisas em todo o Brasil e os riscos envolvidos, agravados neste momento pelo risco de contaminação e pelo clima de desinformação e agressividade política. O IBGE encontra-se com suas atividades de coleta presencial suspensas, mas até mesmo nas entrevistas realizadas por telefone somos alvos de agressões verbais e ameaças frequentes.

Expressamos toda a nossa solidariedade aos trabalhadores que foram vítimas das agressões, em seu trabalho de coletar informações importantes para a nossa sociedade. Repudiamos os indivíduos que promoveram essas agressões, mas também aqueles, como o Presidente da República, que disseminam a desinformação e incitam a agressividade.

Não podemos deixar de apontar também a responsabilidade do Ministério da Saúde e da empresa executora da pesquisa, que enviaram os trabalhadores a campo, em um cenário de riscos evidente, sem que houvesse articulação com autoridades locais e um trabalho adequado de divulgação da pesquisa entre a população.

 

Executiva Nacional – ASSIBGE-SN

21 de maio de 2020