A indicação pelo governo interino de Michel Temer de diretor-presidente de empresas de consultoria e de classificação de risco para a presidência do Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE) é fonte de preocupação para a sociedade e para o corpo técnico da instituição.
O IBGE, criado em 1936, produz há 80 anos uma verdadeira radiografia do País, cobrindo aspectos econômicos, sociais, demográficos, políticos e geocientíficos. As informações produzidas e disponibilizadas pelo IBGE são intensamente utilizadas em pesquisas no Brasil e no exterior – de comparabilidade internacional – por sua reconhecida qualidade e excelência. As pesquisas do IBGE sempre colocaram o Brasil em igualdade de condições, sob o ponto de vista da qualidade e confiabilidade dos dados e dos resultados obtidos nos estudos formulados nos países centrais.
Seus dados são utilizados desde a formulação das políticas macroeconômicas ao cálculo do fator previdenciário, ou para a distribuição de recursos dos royalties do petróleo, passando pela distribuição do FPE e do FPM, tão essenciais em particular aos pequenos municípios. Abrangem também informações sobre índices de preços e desempenho da economia (PIB).
Trata-se de informações mantidas em absoluto sigilo (inclusive para órgãos de governo) até sua divulgação pública. Dessa forma, a instituição deve ser dotada de total autonomia, sem qualquer influência ou submissão a interesses de governos ou do mercado, como forma de garantir sua imparcialidade e a confiabilidade dos dados que produz.
Em sua trajetória, o IBGE sempre foi presidido por profissionais vinculados às universidades ou órgãos públicos. As últimas gestões foram de servidores públicos, indicados pelos governos, mas servidores da carreira. Estamos diante de, no mínimo, um conflito de interesses, uma vez que o acesso privilegiado aos dados do IBGE será concedido a pessoa dirigente de empresas diretamente interessadas nas informações produzidas pelo Instituto.
O Economista indicado para assumir a presidência do IBGE é diretor presidente da RC Consultores e da SR Rating. Assim apresenta-se a RC Consultores em sua página na internet: “Estudos, relatórios, índices e projeções feitos sob medida para o seu negócio, para quem quer ter visão privilegiada e informação original”. Para consolidar a autonomia técnica do IBGE, a sociedade brasileira e o corpo técnico da instituição, incluindo centenas de economistas, merece que não pairem sobre ele suspeição alguma quanto a sua credibilidade.
Conselho Federal de Economia
JOSÉ HÉLIO RIBEIRO JARDIM diz
ISSO É UMA VERGONHA.