Cerca de 50 companheiros do IBGE de Parada de Lucas participaram do debate convocado pelo Núcleo Sindical, realizado na tarde de 28 de julho, no refeitório daquela unidade. O advogado Arão da Providência abordou as mudanças legais ocorridas nos últimos anos, que procuraram subverter os direitos do cidadão e ampliar os direitos privados na Constituição do país.
Arão citou o crescimento do número de fundações privadas, Organizações Sociais e Oscip que já atuam nas áreas de saúde e educação, rapinando parcela significativa dos orçamentos dessas duas áreas fundamentais para a população. Para ele o PLP 257 vai nesta mesma direção e é o início do fim do pouco que resta dos serviços públicos.
O sociólogo Eduardo Alves, que durante muitos anos foi assessor da Condsef e hoje atua nas comunidades de favelas do Rio, destacou a necessidade do debate alcançar um patamar mais elevado. Alves chamou a atenção para o fato de que grande parte do funcionalismo não se dar conta de seu papel social. “Na verdade o que existe no Brasil de hoje é o servidor do Estado e não o servidor público”, criticou.
Eduardo destacou que o IBGE continua classificando as favelas como “aglomerados subnormais” e chamou a todos a uma reflexão: “Por que o trabalhador das favelas e periferias vai apoiar nossa greve, se não conseguimos aproximar as pessoas?” Ele ainda levantou o desafio de que os sindicatos devem aprender a usar as novas tecnologias a favor das causas da classe trabalhadora.
Já o historiador e colega de IBGE, Luiz Fernando Viegas, fez uma crítica contundente ao governo interino de Michel Temer, que, segundo ele nos remete à origem escravocrata da elite brasileira, chamando a atenção para o fato que as primeiras medidas deste governo foram acabar com a Secretaria de Mulheres, com a Secretaria de Política Racial e a Controladoria Geral da União, além de anexar a Previdência ao Ministério da Fazenda.
Para Viegas, a tarefa hoje é descontruir os conceitos com os quais estamos lutando, que constroem uma ideia de que as elites são mais fortes. “Nós vamos nos assumir enquanto trabalhadores ou vamos apenas discutir direitos para nós, servidores, dentro do Estado capitalista”, questionou.
Ao final, os representantes do Núcleo agradeceram a participação, intervenções e perguntas de todos, ressaltando a importância do debate para aglutinar os trabalhadores do IBGE daquela unidade e convidaram os presentes para um lanche, que foi servido logo após o encerramento do debate.
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