A promessa do evento virtual era de transparência, diálogo, olho no olho e papo reto. Porém, os trabalhadores que compareceram à atividade saíram com as mesmas dúvidas que entraram!
Antes de assumir o cargo de presidente do IBGE, Eduardo Rios Neto foi Diretor de Pesquisas, cargo que ocupou depois do diretor em exercício, Cláudio Crespo, ter sido exonerado por Susana Guerra. Iniciando sua atuação como diretor de pesquisas, Rios Neto conduziu e efetivou os cortes do questionário, desrespeitando a instância que deveria deliberar sobre o assunto, o Comitê Técnico.
Neste processo ele ouviu os técnicos das áreas que defenderam a manutenção das perguntas e ainda assim manteve os cortes, muito afinado com a orientação do governo Bolsonaro, depois do ministro Paulo Guedes ter proferido a frase símbolo dessa época “Se você perguntar demais você vai acabar descobrindo, coisa que você nem queria saber”. Esse passado recente já demonstrava o perfil de interventor do atual presidente.
A gestão do Presidente do IBGE, Rios Neto, continuidade da gestão de Susana Guerra, estreou o seu “diálogo” com os trabalhadores do IBGE de uma forma bastante inusitada, falando sozinho. No dia 26 de maio, em apresentação virtual para mais de 2.000 servidores, Rios Neto usou seus 50 minutos para falar sobre suas experiências de vida, suas impressões sobre o IBGE e sobre suas grandes esperanças em um futuro melhor. A promessa do evento virtual era de transparência, diálogo, olho no olho e papo reto. Porém, os trabalhadores que compareceram à atividade saíram com as mesmas dúvidas que entraram: quais as ações concretas para enfrentar os problemas estruturais do IBGE? Qual o plano de recuperação dos recursos do Censo? Qual a estratégia de fortalecimento da rede de coleta? Existem esforços para realização de concursos para efetivos? Quantas vagas foram solicitadas? Existem recursos para manter os censitários? Onde está a comissão e o parecer técnico sobre o retorno às atividades presenciais? Como o IBGE pretende enfrentar a pandemia de covid-19 sem colocar em risco a vida dos seus trabalhadores?
Esse primeiro encontro seria uma oportunidade fundamental para o Presidente orientar os trabalhadores sobre ações concretas que apresentem garantias para a realização dos trabalhos do IBGE. Mas, seguindo a linha da sua antecessora, Rios Neto preferiu jogar palavras soltas para tentar “animar” o pessoal da casa. Essa estratégia já demonstra ineficácia para os trabalhadores e trabalhadoras do IBGE acostumados ao planejamento e execução de operações complexas, e, principalmente, preocupados com as ameaças constantes que o IBGE está sofrendo no atual governo.
A evidente falta de conhecimento dos anseios da casa e do compromisso dos trabalhadores ficou demonstrada na falta de planejamento da sua apresentação que precisou ser adiada por impossibilidade da plataforma utilizada suportar mais de 1000 usuários. Será que ele não sabia que os trabalhadores do IBGE estão sem diálogo para planejar as atividades da casa há mais de 2 anos? Será que ele desconhece o número de censitários que podem perder o emprego de uma hora para outra e desestruturar mais ainda o tão cambaleante Censo Demográfico? Será que ele não sabe que palavras animadoras não resolvem problemas concretos?
O sindicato solicitou, desde o primeiro dia de sua indicação, uma reunião sem qualquer resposta. Essa solicitação foi reiterada em maio. Da mesma forma, os ofícios feitos pelo sindicato com perguntas e demandas importantes para os ibgeanos seguem sem ser respondidos. É inadmissível essa total ausência de diálogo com relação aos representantes dos trabalhadores do IBGE.
É importante o atual Presidente do IBGE saber que a palavra diálogo pressupõe falar e ouvir. Porém, o que se verifica através do bloqueio do chat de diálogo do evento virtual, do não recebimento de perguntas das equipes técnicas e da estratégia de não atender o sindicato é que Rios Neto é mais do mesmo, apenas um animador com um bom currículo.
Deixe um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.