Entre os dias 25 e 28 de Maio de 2018, a ASSIBGE/SN realizou seu II Congresso Democrático sobre o IBGE. O tema central que norteou os debates de todas as mesas foi a relação entre o IBGE e a democracia. O presidente do IBGE, Roberto Olinto, participou da mesa de abertura e falou a respeito da temática.
Segundo Olinto, “hoje a gente vive big data, fake news, etc., e isso é um desafio enorme quando se produz estatística. Nós temos que estar cada vez mais atentos, porque nós somos os produtores da informação oficial cuidada e cada vez mais você tem informação no mundo”. E arrematou: “Podemos dizer que temos competidores e quem está nos denegrindo, mas a chave dessa história é não esquecermos que não é mais uma coisa simples divulgar dados e lidar com uma situação onde você tem um milhão de produtores”.
Roberto Olinto destacou a credibilidade que as informações do IBGE têm para a sociedade brasileira. Segundo ele, “o IBGE é símbolo de credibilidade, não só sua produção, mas pela idoneidade, respeitabilidade e credibilidade do corpo técnico, isso é indissociável”.
Olinto ressaltou a importância da realização de concursos públicos para solucionar a grave crise de recursos humanos que atinge o instituto. Para ele, “sem concurso e sem plano de carreira a história do IBGE pode se encerrar ou pode se tornar um pouco melancólica em função da nossa impossibilidade de realizar determinadas pesquisas”.
O tema da democracia é fundamental para pensarmos o futuro do IBGE. A relação da instituição com a democracia é íntima, pois as informações que divulgamos impactam direta ou indiretamente a vida das pessoas. As decisões políticas e as decisões privadas de largo alcance são tomadas com base nos dados do IBGE.
No mundo contemporâneo as estatísticas oficiais e a geoinformação não são apenas insumos para decisões das instituições do Estado, mas de todos os cidadãos. Segundo o Presidente do IBGE, “a boa estatística e a geoinformação permitem que decisões sejam feitas pela sociedade e devem ser usadas por todos, não apenas por um extrato social, como o extrato do Poder. O que nós produzimos são bens públicos, mas para serem caracterizados como bens públicos devem ser não apenas produzidos, mas fundamentalmente bem comunicados”.
De acordo com Roberto Olinto as informações do IBGE são fundamentais à democracia, porque oferecem dados consistentes para que as decisões dos cidadãos, do governo, das organizações civis e empresariais sejam tomadas com base em evidências e não em especulações.
Fake News e credibilidade
O volume de informações falsas compartilhadas nas redes sociais e que acabam formando a percepção de milhões de brasileiros sobre a realidade impõe ao IBGE um alerta e a necessidade de uma vigilância constante.
De acordo com levantamento realizado pelo Instituto Vox Populi as redes sociais ou a Internet são as principais fontes de informação do cidadão brasileiro. Por sua vez, um estudo realizado pelo instituto Ipsos Mori, em dezembro de 2017, apontava que o Brasil é o segundo país com menos noção da própria realidade, ficando à frente apenas da África do Sul, entre 38 países.
O fenômeno das notícias falsas ameaça diretamente o IBGE naquilo que lhe é essencial: a sua credibilidade. O IBGE precisa melhorar suas estratégias de comunicação não apenas para facilitar o acesso da população brasileira às suas informações, mas também que essas informações sejam mais facilmente compreensíveis.
De acordo com Roberto Olinto, “a gente está acostumado a dizer: divulgamos o índice de preço e aí tem sempre alguém que vira para um servidor do IBGE na rua e diz “essa inflação não é a lá de casa”. Para ele é fundamental prestar atenção nessa questão e mostrar que a inflação que a gente divulga não é a de casa, mas uma média ponderada.
Os trabalhadores do IBGE têm histórico de defesa da credibilidade e da independência do instituto a quaisquer tipos de ingerência política, em sua missão de retratar a realidade brasileira. O grave quadro de pessoal e o fenômeno das fake news exigem de nós um compromisso cada vez maior com a defesa de informações embasadas cientificamente, com uma estratégia de comunicação que contribua para que o país saia da posição vexatória de não conhecer a sua própria realidade.
Como órgão fundamental para o fortalecimento da democracia, o IBGE pode ser um dos órgãos mais atacados por governos autoritários. A ASSIBGE-SN conclama a todos os ibgeanos e a toda a sociedade brasileira a estar atenta a isso e a defender a autonomia técnica, a independência política, concursos públicos e orçamento adequado, para que o órgão não encerre suas atividades ou tenha um fim melancólico, como disse Roberto Olinto.
A fala completa de Roberto Olinto pode ser vista pelo Youtube da ASSIBGE/SN:
https://www.youtube.com/watch?v=b5m
Deixe um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.