O governo federal anunciou no ano passado que economizou R$ 1,419 bilhão com o teletrabalho.
• E o IBGE, quanto economizou de luz, água, serviços de terceiros, material de expediente, manutenção de frota, gasolina, transporte urbano, telefonemas etc. ?
• Para onde vão estes recursos? Não podem ser revertidos em benefícios aos servidores?
• Sabemos que o governo gostou bastante do teletrabalho, pois na linha da sua visão de economia, redução dos serviços públicos, dos edifícios, dos gastos, o teletrabalho respondeu positivamente a isso e, ao mesmo tempo, também pulverizou os trabalhadores no que diz respeito a sua organização sindical, que acontece no “olho no olho”, no “dia a dia”, nos diálogos que se estabelecem no ambiente de trabalho, de onde partem as conversas, as ideias e propostas mais organizadas da categoria.
“Já que estão em teletrabalho, vamos passando a boiada?”
Saímos em março para o teletrabalho, numa quarentena que se imaginava ser de quinze, ou quarenta dias, e agora estamos há 17 meses trabalhando em casa. Foi e é uma reivindicação para preservar as nossas vidas e foi pensado e implementado como medida emergencial.
O IBGE prometeu que comunicaria com 30 dias qualquer decisão pelo retorno ao trabalho, com um plano de retorno e protocolos bem divulgados. Mas o que temos assistido com as Portarias de Flexibilização do Teletrabalho, é o rompimento desse compromisso, pois a cada dia eles anunciam um trabalho que será liberado, ou seja, esqueceram os 30 dias de aviso, expondo ao risco justamente nossos colegas mais novos, com contratos temporários, a maioria ainda não vacinada. E quando isso ocorre abstraem que estes colegas precisam pegar transportes urbanos, circular pela cidade, falar com moradores ou locais fechados como varas de família ou ainda empresas e terem a possibilidade de serem contaminados ou até mesmo contaminar alguém, sendo assintomáticos.
Quais as medidas que o IBGE está tomando para preservar a vida dos trabalhadores? Oferecendo transporte – carro do IBGE para preservá-los? Oferecendo testes de covid semanais? máscaras decentes? Ao mesmo tempo consolidam uma concepção de teletrabalho prático, condicionando o retorno total à implementação dessa medida, criando uma divisão para uma parcela dos trabalhadores que não voltará mais ao espaço de trabalho.
É o Novo Projeto de Gestão do Trabalho do IBGE. Neste redesenho completo da organização do trabalho na instituição, feito por um GT e a cúpula do órgão, o teletrabalho é uma isca para atrair os servidores a aderirem ao Programa de Gestão baseado em metas individuais. Quem será objeto desta modalidade em tempo integral ou parcial ? Essas regras, já negociadas até com o governo, foram definidas por poucos e agora o pacote cai sobre nossas cabeças.
Ninguém discutiu como foi a experiência, como se deu a integração entre as pessoas, equipes, relação entre chefia e servidor, como flui o treinamento, capacitação, integração, resultados e comunicação e qualidade do trabalho. Ninguém discutiu o impacto na vida das pessoas, familiares e na vida laboral, no pertencimento e na integração no trabalho. Os trabalhadores não são ouvidos e as decisões não levam em conta inúmeros fatores que poderiam colaborar para uma decisão mais madura, equilibrada, racional e não meramente formal.
O que alegam é que ninguém será obrigado ao teletrabalho, até porque não haverá nenhuma contrapartida aos seus gastos. Ele está sendo vendido como uma benesse. Sabemos que não é obrigatório, mas devemos conversar e discutir os impactos que podem causar no IBGE, nas equipes e nas pessoas, no aspecto do trabalho, do psicológico e nos impactos de curto, médio e longo prazo, numa instituição que está precarizada, que de 3 em 3 anos substitui 6 mil trabalhadores. Numa instituição que só possui 4 mil efetivos e destes 30% são aposentáveis.
Segundo o plano gestão anunciado na rede interna:
• O teletrabalho não será um direito de todos os servidores, será fruto de uma requisição do servidor e dependerá da negociação de um plano de metas com a chefia.
• O gestor imediato poderá REDEFINIR as METAS do participante por necessidade do serviço, mesmo que não tenham sido previamente acordadas.
• A adesão ao banco de horas fica vedada aos participantes do Programa de Gestão
• É vedada a autorização da prestação de serviços extraordinários pelos participantes do Programa de Gestão.
• Não haverá horas para consultas e exames médicos e odontológicos e para tratamento continuado de saúde.
• O Teletrabalho acaba com o direito a receber pagamento de adicional noturno.
A gestão por metas tende a afetar o trabalho de toda a equipe, inclusive de quem não “escolher” pelo teletrabalho.
Quem cala, consente! Vamos olhar nos olhos.
Diante destas questões é necessário exigirmos do IBGE que:
- Atenda o sindicato para dialogar sobre esta importante decisão;
- Estabeleça um cronograma de discussão interna que dê conta de discutir em cada local de trabalho, em cada setor, em cada unidade de trabalho os diversos condicionantes para a tomada de decisão;
Os trabalhadores precisam entender e debater com seus colegas sobre este tema, necessitamos que assembleias sejam realizadas assembleias para ponderar o assunto. A força de trabalho que move a casa com mais de 85 anos de existência prestando serviços para o país precisa falar sobre os prós e contras do teletrabalho à luz da sua individualidade, mas também em relação ao que é melhor para um órgão público funcionar e conseguir um bom ambiente de trabalho, qualidade e resultados.
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