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Professor da Unicamp levanta questionamento sobre mudança de metodologia de pesquisas no IBGE

24 de abril de 2017 • Henrique Acker

Em artigo assinado na Revista Carta Capital o economista e professor da Unicamp, Pedro Paulo Zahluth Bastos, alerta que “não há nada errado em mudar a metodologia para melhorá-la, e o órgão faz isto com frequência. O problema é a descontinuidade brusca da série estatística anterior e a baixa transparência com que a mudança vem sendo feita.”Leia, a seguir, a íntegra da matéria.

Por que o IBGE está mudando suas estatísticas econômicas? Há algum indício de manipulação de dados no órgão público? Sim e não.

O governo de Michel Temer parece ter finalmente encontrado a fórmula da recuperação da economia brasileira: mudar suas estatísticas econômicas. É o que o IBGE fez recentemente, para estranhamento do próprio sindicato dos funcionários do órgão público.

Na segunda semana de abril, o IBGE divulgou dados que mostraram uma forte revisão do desempenho do comércio e dos serviços em janeiro. Menos de 15 dias antes, o órgão nos informava que as vendas no varejo caíram em janeiro 0,7% em relação a dezembro. A queda foi pior no setor terciário (serviços), de 2,2%.

Isto apontava para o fato de que o governo Temer não tinha assegurado a recuperação da economia, a despeito da recomposição de estoques na indústria e da expectativa de uma safra agrícola recorde.

Supreendentemente, a revisão para janeiro apontou um crescimento mensal para o varejo de 5,5% (mais 6,2% que o dado original!) e, para serviços, de 0,2% (mais 2,4% que o original).

Por isso, a chamada prévia do PIB calculada pelo Banco Central, o IBC-Br, mostrou crescimento espantoso de 1,31% em fevereiro sobre o mês anterior, ainda que nem o crédito nem o emprego tenham se recuperado (pelo contrário).

Como para mostrar que não houve recuperação efetiva do varejo, a mesma pesquisa que revisou a queda de 0,7% para crescimento de 5,5% em janeiro apontou que, em fevereiro, o comércio caiu 0,2 em relação a janeiro, algo mais consistente com a tendência que se verificava até o súbito salto na revisão de janeiro.

O governo federal comemorou a revisão estatística, evidentemente sem explicar que a recessão só terminou, bem, estatisticamente…

Grandes grupos de comunicação ajudaram na propaganda política, sem fazer aquilo que se espera do jornalismo sério: checar informações e explicá-las à população.

Há algum indício de manipulação de dados no IBGE? Sim e não.

Não sabemos, por exemplo, se o presidente do IBGE indicado por Michel Temer, Paulo Rabello de Castro, interferiu para acelerar a mudança metodológica ou forçar a descontinuidade brusca da série estatística anterior.

Algo nesta linha parece ser sugerido pelo manifesto publicado no dia 20 de abril pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE (ASSIBGE-SN):

“…a ASSIBGE-SN repudia qualquer ilação sobre ‘manipulação’ de dados e reafirma a seriedade e o compromisso do corpo técnico do IBGE. No entanto, alertamos que dúvidas sobre essas correções são levantadas, na medida em que a condução do Instituto está entregue a um Presidente mais preocupado em fazer propaganda do governo Temer do que em preservar a instituição”

Não há nada errado em mudar a metodologia para melhorá-la, e o órgão faz isto com frequência. O problema é a descontinuidade brusca da série estatística anterior e a baixa transparência com que a mudança vem sendo feita.

É de suma importância histórica entender e medir a profundidade da crise econômica brasileira. Ela já é a maior de nossa história. Não estamos em um momento qualquer, o que exige muito cuidado na transição de uma metodologia para outra.

Um problema central será o de datar o fim da recessão. Mês a mês, pode ser que, medida pelos novos critérios, a economia mal se recupere ao longo de 2017.

No entanto, os novos critérios vão determinar o fim estatístico da recessão quando o quarto trimestre de 2016 for comparado com o primeiro trimestre de 2017, pois este será avaliado pela mesma nova métrica que determinou o salto brusco na revisão de janeiro, enquanto 2016 continuará sendo avaliado pela velha métrica.

O IBGE vai misturar alhos com bugalhos.

Informação x propaganda

Para maioria dos que interessam mais em informação precisa do que em propaganda governamental, é importante datar corretamente o fim da recessão, que na antiga métrica do IBGE tinha se agravado nos dois últimos trimestres de 2016.

O correto é que a série antiga continue sendo divulgada durante um período de transição ou, o que é mais difícil, que todos os dados desde 2014 sejam revistos pela nova métrica.

Para fazer isto, o IBGE pode entregar os dados para pesquisadores externos.

Ou melhor: sua própria direção deveria autorizar seus funcionários públicos de carreira, certamente plenos de compromisso institucional e de sua missão pública (iluminar os brasileiros sobre sua vida social), a apresentarem a série antiga junto com a nova.

O corpo técnico pode aperfeiçoar a metodologia, mas é a presidência do IBGE que pode determinar que a série anterior seja descontinuada ou não.

Em reunião fechada com economistas e analistas de mercado no dia 18 de abril, contudo, a direção do órgão teria se recusado a apresentar a série antiga junto com a nova, alegando dificuldades técnicas, segundo fontes que pediram confidencialidade (sob pena de não serem novamente convidadas).

Quando solicitada a entregar os dados para que os próprios analistas de mercado fizessem os cálculos, a diretoria do órgão teria respondido que cada um dos analistas deveria solicitar a informação privadamente e que, se possível fosse (não é), seria exigida uma cláusula de confidencialidade para evitar a publicação das informações. Teria se seguido um bate-boca.

Isso ocorreu exatamente assim? Como saberemos? Por que a reunião foi fechada a convidados que podem não voltar se falarem demais? Por que a imprensa não estava presente? Por que o IBGE não chamou uma audiência pública? Ela precisará ser chamada pelo Congresso Nacional?

A nomeação do atual presidente do IBGE causou apreensão quanto a um possível conflito de interesses por ser proprietário de uma consultoria privada.

Depois dizer-se licenciado, ele causou grande insatisfação entre o corpo de funcionários ao sugerir a cobrança no acesso aos dados do IBGE, como se o órgão público fosse uma consultoria privada ou, na analogia que usou, um “pesque-pague” de informações.

Até segunda ordem, o IBGE é um órgão público e suas informações devem ser públicas. Ele não pode vir a ser gerido como um aparelho de propaganda do governo Temer ou, pior, como uma consultoria privada.

Não surpreenderá que funcionários de carreira do IBGE façam à revelia da presidência o que a missão do órgão público, criado em 1942, os obriga: tornar públicas as informações que parecem não interessar a todos.

Por Pedro Paulo Zahluth Bastos — publicado por Carta Capital (online) – 24/04/2017
Pedro Paulo Zahluth Bastos é professor associado do Instituto de Economia da Unicamp

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