Em longa entrevista ao Jornal Valor Econômico (27/10/2016), o Presidente do IBGE abre o jogo sobre os planos do governo Temer para o Instituto. Para Paulo Rabello o Instituto deve vender serviços e pesquisas, como forma de captar recursos, e continuar fazendo mais com menos pessoal.
De acordo com Castro “a aprovação da PEC 241 é apenas o primeiro passo na direção de uma correção, mas está longe de ser a última das providências” da nova política econômica. E anuncia: “Eu vim para o IBGE como quem utiliza uma janela para tentar dar um passo mais decisivo na reeducação do setor público brasileiro”.
Para Rabello, é preciso fazer as seguintes perguntas: “cada plano e programa do Estado brasileiro merece estar no orçamento do ano seguinte? Teve uma avaliação de relação entre custos e benefícios de cada um desses programas para que se justifique a sua manutenção e até sua ampliação eventualmente?”
Castro reconhece que há problemas para a realização da POF. No entanto, diz que não houve suspensão das pesquisas por falta de orçamento, mas uma “elastificação” no prazo de início da coleta para a POF, que será lançada no início do próximo ano. No caso do Censo Agropecuário ele reconhece que a tarefa é bem mais complicada, embora tenha assegurado ao Sindicato que o Agro sairia em 2017.
Na entrevista, Rabello se declara “em estado de rebelião revolucionária contra o desperdício”. O Presidente do IBGE diz que a Instituição está preparada para enfrentar os novos desafios e elogia sua antecessora, Wasmália Bivar. Rabello assume a máxima que já vinha sendo trabalhada pela gestão anterior: fazer mais com menos. Para isso, propõe que o IBGE amplie o número de perguntas a serem feitas pela sua rede de entrevistadores.
Castro confirma o que os servidores do IBGE vêm sentindo na pele e a ASSIBGE-SN já denunciava: os recursos do IBGE em termos reais são 30% inferiores aos de sete anos atrás e o custeio do IBGE não acompanhou o gasto médio do governo federal. E apesar de ressaltar a redução do quadro de pessoal (de 7.359 em dezembro de 2007 para 5.265 em setembro de 2016), reconhece que o IBGE produz duas vezes mais pesquisas do que há dez anos atrás.
O projeto preconizado pelo novo Presidente é claro. Ele cita o caso do StatCan, do Canadá, “que tem de 20% a 30% de sua receita provenientes de atividades de convênios, de trabalhos especiais, que são pedagiados”, como modelo. Castro usa a imagem da pescaria para ilustrar sua meta para o IBGE: “Está lá o lago de informações, o sujeito para na beira do lago e pesca. Mas não custa botar uma cerquinha e dizer: “agora é pesque e pague”.
Sobre a falta de pessoal, Rabello é taxativo: “O IBGE não trabalha com déficit. O IBGE se vira. O IBGE está adaptado ao Brasil do futuro. É igual a uma empresa privada, no bom sentido”. Quanto à indicação do seu nome para presidir o IBGE, Paulo Rabello afirma que não teve resistência, inclusive do Sindicato.
Leia a íntegra da entrevista acessando o linK: http://www.valor.com.br/brasil/4757471/ibge-ja-vem-sendo-alvo-de-ajuste-ha-anos-diz-presidente#
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