Confira alguns dos principais trechos das intervenções dos convidados para debater o Censo 2020 e o apagão estatístico.
. Dione Oliveira (economista e membro da EN da ASSIBGE-SN)
“Não há justifica para que a redução de questionário implique necessariamente em corte do orçamento. O máximo calculado neste caso seria de 3%. O país tem que se ver por inteiro. Temos trabalhado para conseguir audiências públicas no Congresso Nacional, sensibilizando parceiros e a comunidade acadêmica”.
. Eugênia Motta (antropóloga e professora da UFRJ)
“Reduzir o Censo é um risco, podendo diminuir a visibilidade da população de certos locais num país desigual. É justamente junto a essas populações marginalizadas que as informações custam a chegar e são mais caras. Há pressão para tornar essas realidades invisíveis. Só a estatística pública tem a capacidade de mostrar a existência de determinadas realidades. Deixar de obter essas informações pode fazer com que essas populações deixem de ser vistas e as políticas para elas deixem de ser uma preocupação oficial”.
. José Szwako (cientista social e professor da UERJ)
“Estudo movimentos sociais e em uma das minhas últimas pesquisas levantei como usaram o Censo nos últimos anos. Um deles foi o caso do Movimento Negro e a exigência da inclusão da questão raça/cor no Censo. Outro foi o estudo sobre creche e o seu impacto sobre o papel da mulher no mercado de trabalho, junto ao movimento de mulheres. E o terceiro foi a importância da agricultura familiar para o país, a partir do Censo Agropecuário 2006. Pude concluir que as perguntas de um Censo podem mudar, com base em diálogo e argumentos, baseado em necessidades reais da sociedade, mas não a partir de interesses definidos por grupos fechados”.
. Paulo Jannuzzi (professor/doutor da ENCE/IBGE)
“A defesa da autonomia técnica é vital para o IBGE. Chamou-se o Banco Mundial para ensinar o IBGE a fazer amostra censitária, coisa que nós conhecemos muito bem. O Censo é informação complexa, capilarizada, sobretudo para os municípios. Com uma versão parcial do Censo o gestor municipal deve ter o seu trabalho dificultado. Podemos perder dados sobre o trabalho infantil, trabalho escravo, o desemprego estrutural, o que pode comprometer os projetos de inclusão através de políticas públicas. Na verdade é uma guerra civilizatória. Espero que a gente consiga sensibilizar outros atores para esta luta”.
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