“Direção do IBGE confundiu população, mas gestão da pandemia obriga adiamento do Censo Demográfico”
por: Gabriel Brito – Correio Cidadania
O adiamento pelo segundo ano consecutivo do Censo Demográfico brasileiro causou indignação e mais uma onda de críticas na opinião pública. Isso se explica pelo alinhamento da direção do IBGE ao governo federal e os cortes de orçamento para o estudo. No entanto, de acordo com a entrevista concedida ao Correio pela direção do sindicato dos trabalhadores do IBGE, o adiamento é correto diante da desastrosa gestão da pandemia no Brasil e do rebaixamento dos parâmetros do Censo. O problema é que sua realização parece improvável também para 2022.
“Dada a inviabilidade de realização em 2021, seria necessário um acordo político que garantisse a disponibilização da verba em 2022. Nesse sentido, a realização em 2022 está desde já ameaçada. Para realização do Censo esse ano, a prova para seleção de recenseadores, por exemplo, deveria ocorrer imediatamente, reunindo cerca de um milhão de candidatos em locais fechados. Outras etapas imprescindíveis, como o teste de homologação de equipamentos, já se encontravam atrasadas ou paralisadas, por razões sanitárias, antes da aplicação do corte orçamentário”, explica a ASSIBGE, sigla para Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatísticas.
Na entrevista, a direção da associação separa o alinhamento ideológico da direção anterior do IBGE, representada na figura da ex-presidente Susana Guerra, das condições objetivas de realização do Censo. Diante da postura de negacionismo científico e precarização do estudo, não seria possível cumprir os objetivos do trabalho, especialmente em áreas de difícil acesso, como terras indígenas e quilombolas.
“Na medida em que o Censo é um elemento estrutural do sistema estatístico nacional, informações mal coletadas prejudicariam toda a produção de informações sobre a população e a economia, ao longo da década seguinte. Além disso, na medida em que o Censo produz indicadores sociais para cada município, ele é um instrumento para avaliação de políticas públicas nesse nível de governo, o que pode incomodar poderes locais”.
E, como em outras fundações e autarquias de governo, uma análise das relações políticas e trabalhistas no contexto do governo Bolsonaro é inevitável. “Existe um total distanciamento entre os servidores, aqueles que efetivamente tocam as pesquisas da instituição e o seu alto comando. A direção do IBGE não dialoga com técnicos e muitas vezes ignora os relatórios e resultados de testes para fazer falas públicas sobre as pesquisas da instituição”.
A entrevista completa está disponível na página do Correio Cidadania –> clique aqui
Deixe um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.