Trabalho presencial no IBGE em meio à pandemia
Quem se responsabilizará?
Na contramão do mundo, não existe outra forma de definir o Brasil no enfrentamento e nos resultados da pandemia. Estaria da mesma forma o IBGE, um órgão de produção de conhecimento, indo na direção contrária da própria ciência? Não podemos aceitar que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, negando a gravidade da pandemia, coloque trabalhadores e trabalhadoras em risco. Afinal de contas, quem irá assumir a culpa por todos os mortos?
O IBGE lançou no dia 23 de fevereiro, portarias que normatizam o trabalho presencial. As portarias 41, 42, 43 e 44 falam da natureza emergencial desses trabalhos considerados essenciais, tais como coleta de telefone na PNAD Contínua, trabalhos preparatórios do censo demográfico e da DGC, manutenção de marégrafos e da rede de monitoramento contínuo de sistemas.
Essas portarias preservam da obrigatoriedade de trabalho aqueles que possuem mais de 60 anos, comorbidades ou, pessoas que convivem com pessoas dos grupos, os demais estariam aptos para os trabalhos emergenciais. Apesar de em muitos lugares ser dito que os trabalhadores não seriam pressionados ao retorno ao trabalho, concretamente, existe enorme pressão principalmente para os trabalhadores temporários sob pena de perder o emprego, e no caso dos trabalhadores efetivos, sofrerem um PAD.
O Brasil vive o maior colapso hospitalar de sua história, segundo interpretam as instituições que produzem conhecimento específico sobre o assunto, entre elas a Fundação Oswaldo Cruz. De acordo com o Boletim publicado no dia 18 de março de 2021 por essa instituição, em seu resumo regional, todas as regiões, Nordeste, Norte, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, encontram-se na zona de risco e todas as regiões encontram-se com ocorrência de casos muito alta para SRAG, Síndrome Respiratória Aguda Grave.
O Brasil totalizou em 19 de março 287.499 e 11.780.820 infectados pelo coronavírus. O número de mortes notificadas se aproxima de 3 mil pessoas por dia. Aliado ao agravamento da doença e à ocorrência de novas variantes para o coronavírus, o país vê dificuldades com a massificação da vacinação, uma vez que não há doses disponíveis para imunizar toda a população brasileira.
Perdemos, todos os dias, colegas de trabalho vitimados por covid que ajudaram a construir o IBGE. Como o instituto imagina que pode levar a frente o trabalho presencial de campo, seja para o censo demográfico, seja para as demais pesquisas em meio ao caos sanitário sem controle em que nos encontramos?
A direção do IBGE se esquiva dos apelos de diálogo. Nem sequer responde aos ofícios encaminhados pelo sindicato. Susana Guerra e seu conselho diretor, bem como parte da estrutura gerencial guiada pelo produtivismo, estimulada pela competição entre estados pelo seu grau de aproveitamento nas pesquisas, vêm se consolidando como uma direção negacionista e que despreza a vida das pessoas.
As vidas deveriam ser a prioridade, mas a realidade é outra, o IBGE está priorizando a realização do CENSO os índices de aproveitamento das pesquisas, lembrando que, mesmo assim, eles não estão sendo alcançados em qualidade e em quantidade, pois a realidade da pandemia se impõe a despeito das ilusões dos gabinetes.
Caso os trabalhadores sejam contaminados em serviço, ou virem a morrer, o que é uma tendência lógica, tendo em vista o contexto pandêmico já descrito, quem se responsabilizará pelas mortes?
Susana Cordeiro Guerra?
Maria Vilma Salles Garcia?
Marise Maria Ferreira ?
Eduardo Luiz Gonçalves Rios?
Cimar Azeredo Pereira ?
Claudio Stenner ?
Carlos Renato Pereira Cotovio?
Carmen Danielle Lins Mendes ?
Maysa Sacramento de Magalhães ?
Ou cada chefia de Unidade Estadual?
Não queremos contabilizar trabalhadores do IBGE mortos.
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